Gordo, Bruno, Sandra e Marcelinho: Anacrônica
O cineasta François Truffaut (1932-1984) esperava duas coisas de um diretor: que fosse, de fato, um artista, e que tivesse ambição. “Deus e os loucos” (Independente, 2009), álbum de estréia do Anacrônica, cumpre as duas expectativas. Morda ou assopre, o rock muitíssimo bem tocado – e nunca diluído – pelo quarteto curitibano ainda vai além. O fim da década tem, enfim, sua trilha sonora urbana, graças a Sandra Piola (voz), Bruno Sguissardi (guitarra e voz), Marcelinho (baixo) e Marcelo Bezerra “Gordo” (bateria).
Em março de 2010 o Anacrônica abriu o show da escocesa Franz Ferdinand
em São Paulo. Segundo a coluna de Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S. Paulo”, foram mais de 200 mil indicações de fãs no site da turnê do Franz Ferdinand. A banda foi a escolhida entre 22 mil bandas, pelos próprios escoceses para a abertura do show.
Em novembro de 2009 o quarteto foi convidado para participar de um dos maiores festivais de música pop do Brasil, o Lupaluna, que aconteceu em Curitiba reunindo 20 mil pessoas em média nos dois dias. A Anacrônica foi a única banda independente a tocar no palco principal do evento dividindo a noite com os maiores nomes da atual música popular brasileira.
Em setembro de 2009, o primeiro single “Eles me querem assim” foi indicado pela Revista Rolling Stone na sessão “Ouça Também”, que decretou: “A faixa é guiada pela voz marcante de Sandra Piola em uma levada meio blues e cheia de camadas instrumentais. No meio vira uma bossinha maliciosa que logo desemboca numa catarse sonora.” A música entrou no Hotlist do site da revista e vem sendo executada em várias rádios do país. O videoclipe do single já está sendo veiculado na MTV Brasil. As viagens para Sul e Sudeste são rotina para a Anacrônica. “Está acontecendo como a gente sempre imaginou, aos poucos, e em função do empenho da banda e da força dos nossos sonhos”, comenta Sandra. Os sonhos têm nomes. São as canções de “Deus e os loucos”, como “O que será”, “Um Adeus” e “Vestígios”, além da já clássica faixa-título.
O álbum, lançado em junho de 2009, tem riff, quebradeira, groove, refrão, e, principalmente, verdade. “Gravar este álbum nos transformou, tanto do ponto de vista artístico quanto pessoal”, admite Gordo. Da pré-produção à finalização, mais de um ano se passou. A ansiedade do Anacrônica só foi contida pela convicção do resultado. Coube ao rigor do produtor Tomás Magno (Detonautas, Skank, Terminal Guadalupe) ajudar o quarteto a equilibrar influências de Supergrass, Cardigans, Red Hot Chili Peppers, MGMT, Butter, Raul Seixas, Legião Urbana e Beatles, o consenso interno.